Enquanto o sol gradativamente declinava, um pequeno grupo aguardava
em uma estreita fenda formada pelo encontro de duas rochas. O
esconderijo estava estabelecido em um vale oculto pelas árvores do
bosque, situado a pouco mais de meio quilômetro a leste de Arnoll.
Eram cinco pessoas e todas estavam deitadas, em silêncio. Aguardavam
a chegada do exército que em breve condenaria a cidadela à condição
de total obliteração. Seridath levantou-se. Aldreth e Uri
cochilavam. Apenas o ladrãozinho Thin estivera acordado todo o
tempo, velando ao lado de Lucan, que dormia um sono leve e febril.
Seridath aproximou-se de Aldreth e o sacudiu levemente. O rapaz
despertou assustado, com a mão na espada. Seridath, com um olhar,
sossegou-o.
– Vamos sair – sussurrou ele ao jovem.
Ambos deixaram a caverna para avaliar a situação que em breve iria
tragá-los. Seridath esperava observar melhor o exército inimigo.
Subiram a encosta do vale, escalando o aclive da colina maior,
passando por grama alta, arbustos e algumas árvores esparsas. As
colinas da região tinham sua crista coberta por um conjunto cerrado
de uma variação de pinheiros de grande porte e fortes galhos.
Escolheram com cuidado o pinheiro que parecia mais alto. Aldreth era
bom em escalar árvores, mas Seridath, o misterioso Viajante
Cinzento, sempre o surpreendia. Em questão de minutos ambos estavam
no topo da árvore escolhida. De onde estavam, poderiam ver a sombria
massa que chegava pelo norte na campina de Arnoll.
– Vem de muito longe o mal... – sussurrou Aldreth, mais
para si mesmo do que para o amo, lembrando-se de um texto antigo.
– Cale-se. – falou Seridath, com rudeza – Não devemos temer o
Mal. Ele está aqui, preso à minha cintura, e é meu servo.
Aldreth sentiu um calafrio. Detestava quando Seridath falava nesse
tom. O rapaz, ao contrário do amo, não queria um pacto com o Mal.
Queria saber o que havia de errado em simplesmente viver. O próprio
Seridath parecia não estar certo de suas próprias palavras. Ainda
estava em batalha com Lorguth. Algo interrompeu seus pensamentos,
enquanto Aldreth murmurava:
– Olha!
Continua...
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