A vertigem
tomou conta do último capitão, enquanto ele buscava apoio na parede ao lado. Seridath não moveu um dedo para amparar o
guerreiro. Apenas observava, respeitoso. Murrough era um homem
honrado e um bom capitão. Era uma fatalidade a sua morte,
assim como a de Urso Pardo. Balgata permaneceu parado por alguns
instantes, tentando fazer
seu mundo voltar a girar. Da porta da mansão surgiu um homem
baixo e robusto, de cabelos e barbas escuros e crespos. Sua cota de
malha estava rasgada na altura do ombro direito, deixando à
mostra o braço repleto de cicatrizes.
– Riderth –
reconheceu Balgata. – Então é verdade...
– Sim,
meu capitão.
A aquela resposta selou o fato no
peito do último capitão. Balgata voltou-se para
Seridath.
– Não
podemos deixar que os mortos manchem os corpos de nossos líderes.
Riderth e eu vamos cuidar de Murrough e dos outros companheiros.
Eu... por favor, encontre o corpo do Andarilho.
– Pode
deixar, capitão – respondeu Seridath, resoluto.
Era quase
manhã. Uma boa parte de Keraz ainda ardia. Balgata e seus
homens espalharam-se pelas ruínas da aldeia, à procura
dos corpos de seus companheiros. Alguns camponeses uniram-se
silenciosamente ao grupo, em busca de seus próprios mortos.
Todos ostentavam uma tristeza resignada.
Seridath foi
encontrar o corpo de Urso Pardo no mesmo lugar em que fora deixado,
embora estivesse coberto pelos pedaços da paliçada e
pisoteado. Apenas a mão e o pé esquerdos do velho
estavam visíveis. Ao longe as colinas se desdobravam,
desoladas. Não havia sinais dos invasores, apenas os corpos
abatidos e as setas negras cobriam a campina enegrecida e semi-oculta
pela neblina da madrugada, adensada pela fumaça do incêndio
que agonizava.
– Quer
ajuda aí, parceiro? – soou uma voz áspera às
costas do rapaz.
Seridath virou-se e viu um anão
desconhecido. O arauto estava ao seu lado. Ostentava aquele mesmo
sorriso jovial. Era quase irritante.
– Mestre Uri
era da divisão de Aleigh, senhor – disse o garoto. – Ele
se apresentou para ajudar no preparo da pira funerária do
Senhor Andarilho.
Seridath assentiu e em seguida
perguntou:
– Qual
o seu nome, garoto?
– Lucan,
senhor. A seu dispor.
O garoto não escondia seu
contentamento pelo interesse de Seridath. Pôs o punho em frente
à boca e pigarreou.
– Senhor –
disse Lucan –, tenho mais outra questão para tratar.
– Qual
questão? – inquiriu Seridath, desconfiado.
– No início
do ataque, logo ao ver o Mestre Andarilho morto, acreditei que
estaríamos perdidos, mas então ponderei que pelo menos
um jeito de fugir deveria existir. Foi aí que pensei em
preservar os comboios de mantimentos da Companhia...
– Garoto...
– murmurou o cavaleiro – quer dizer que você...
– Isso mesmo,
senhor. Os dez carros de boi estão intactos, escondidos no
armazém anexo à casa do prefeito. Consegui com os
camponeses mais umas três carroças. O armazém do
prefeito estava quase vazio, mas vai dar pra levar alguma coisa nas
carroças adicionais, sem falar que podem carregar os velhos e
crianças que ficaram. Tomei a liberdade de deixar vinte homens
guardando a carga.
Seridath estava admirado com a
competência daquele arauto. Aquela cabeça trabalhava com
rapidez, mantendo a calma enquanto os outros se desesperavam. O
guerreiro bateu no ombro do garoto, em sinal de aprovação.
Virou-se em seguida para terminar o resgate ao corpo de Urso Pardo.
Após toda a equação
que fora a batalha pela defesa de Keraz, Seridath descobriu-se com um
saldo considerável. O destacamento perdera mais da metade dos
seus homens, mas as pesadas baixas não importavam para o
cavaleiro negro. Em toda aquela luta desastrosa, ele saíra
vitorioso.
Continua...
Oi Nerito, tudo bem? Deixei um selinho para você no meu blog.
ResponderExcluirhttp://bisbiblogando.blogspot.com.br/2013/05/tag-e-selinho-2-eu-vou-ler-12-livros-em.html
Se já participou, se puder deixa seu link lá, para eu visitar depois.
Bjão
Espero que tenha gostado.
Luh
http://bisbiblogando.blogspot.com.br