Thin caiu de joelhos,
enquanto a população na ameia mergulhava em profundo silêncio. Os
trabalhadores no portão pararam imediatamente e os guerreiros
desembainharam suas espadas, encarando o cavaleiro com um tom
belicoso no olhar. Seridath ainda era um guerreiro. Estava com todo o
equipamento que recebera quando ingressara na Companhia. A cota de
malha, o elmo com proteção nasal e o escudo, tudo permanecia em bom
estado. A sua presença ainda era uma forte ameaça. Seridath
embainhou novamente Lorguth e olhou para Thin, que continuava
agachado junto ao chão.
- Se quer mesmo vir
comigo, vermezinho - declarou Seridath -, é melhor jurar me servir
manter o seu juramento.
- Sim, senhor -
respondeu Thin, que parecia ter recuperado a fala. - Eu juro servi-lo
e manter minha fidelidade à sua espada.
Seridath não levantou
outras objeções. O jovem olhou para trás, enquanto observava que
os guerreiros e camponeses ainda não haviam retornado ao trabalho.
Pelo visto, esperavam que o famigerado Viajante Cinzento executasse
com sua espada negra o ladraõzinho vil. De súbito, um pequeno
tumulto começou no meio da turba. Aldreth, amparando o arauto Lucan,
fazia caminho entre as pessoas, para fora da cidade. O anão Uri
também seguia com eles. As vaias recomeçaram, enquanto os
guerreiros do portão fizeram menção de impedir a saída dos três,
mas desistiram ao cruzarem com o olhar ameaçador de Uri, que
carregava seu machado ainda sujo de sangue. Seridath observou em
silêncio a aproximação dos três, enquanto Thin erguia-se,
aliviado. Por um tempo sua vida estaria garantida.
– O que você está
fazendo aqui? – perguntou Seridath, atordoado ao ver Aldreth
aproximando-se.
– Cumprindo meu
juramento – respondeu o rapaz, timidamente. E acrescentou: –
Ainda que seja por medo...
– E vocês? –
perguntou ele aos outros.
– Queremos jurar ao
senhor nossas lâminas – respondeu Uri, enquanto cuspia para o
lado. – Aqueles vermes não sabem o que é uma guerra, senhor. Vão
se arrepender de te expulsar, ah se vão!
Aldreth levava alguma
bagagem. Mantimento, roupas e o ouro que Seridath lhe havia confiado
quando ingressaram na Companhia. O rapaz tirou de um dos sacos uma
camisa velha, um gibão e um par de botas furadas para Thin. Seridath
nada respondeu. Não podia acreditar que não estava mais sozinho.
Sua força não era somente a de um homem só. Conseguira em tão
pouco tempo ganhar homens que o seguissem. E homens motivados. Os
primeiros do seu exército.
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