Fonte: divulgação da editora |
Há tempos tenho pensado em resenhar mais um livro de quadrinhos. Não sou um leitor fiel de quadrinhos, sou um humilde amante da letra. Mergulho nesse caldo de traços e riscos e deles crio imagens diversas, algumas tão vívidas que parecem de fato invadir a realidade. No caso dos quadrinhos, a relação acaba sendo ainda mais controversa. Costumo ler de tudo, apesar de ser um convicto e declarado amante dos mangás. Mesmo assim, continuo me aventurando na senda das resenhas sobre quadrinhos autorais, mais conhecidos com as Graphic Novels.
E falando nas mesmas, tive agradáveis surpresas nos últimos dias. A Biblioteca onde trabalho conta também com uma enorme Gibiteca, que abriga em seu acervo por volta de 25 mil gibis. É muita coisa, eu sei, mas tem muita coisa boa saindo e por isso houve uma atualização no acervo, com obras que muito me impressionaram. Eu queria falar de todas aqui, mas não falarei delas. Não agora.
Quero na verdade falar de uma outra surpresa e esta bastante especial, que foi o presente de aniversário que recebi do meu amigo Rodrigo Teixeira. Certo dia, cheguei à Biblioteca e havia em minha mesa um grosso volume chamado Habibi, com nada menos que autoria do ilustre Craig Thompson.
A narrativa se passa em um futuro distópico, numa região dominada culturalmente pelo Islã. Certas práticas como o escravagismo retornaram e os recursos naturais estão escassos. Nesse cenário, uma menina de doze anos chamada Dodola, recém-escravizada, adota um garotinho negro de três anos. Com perseverança e uma certa dose de sorte, ambos conseguem escapar da feira de escravos. Refugiam-se então em um barco abandonado no meio do deserto, onde passam a viver. O garotinho, cujo nome antes era Cam, recebe por parte de Dodola o nome de Ram, pois ela acreditava que o nome Cam, proveniente de um dos filhos de Noé, carregava um estigma muito pesado.
Assim, a história se desenvolve no dia-a-dia desse inusitado casal, abordando seu crescimento, suas dúvidas e sentimentos. Thompson usa de maestria ao adotar uma narrativa não-linear, recheada de referências ao Corão, à Bíblia e com certo tom de Mil e Uma Noites. No caráter distópico desse magnífico trabalho, Craig Thompson dá vida a um mundo que mescla elementos cyberpunk com uma cultura oriental árabe, o que torna a leitura de Habibi uma grande e prazerosa aventura.
Além da força narrativa que esta obra contém, vale ressaltar o lirismo que Craig Thompson concede ao seu trabalho, numa minúcia estética que vai desde a forma com que cada cena é construída até a forma com que o autor homenageia a caligrafia árabe, com arroubos magníficos que vão da metalinguagem à exploração estética.
O sentido da palavra Habibi é "meu amado", usada para se referir a alguém do sexo masculino, segundo a Wikipédia (http://en.wikipedia.org/wiki/Habibi). Assim, com esse belíssimo título, Craig Thompson coroa sua obra, tornando-a não somente uma homenagem à belíssima cultura árabe, mas principalmente ao Amor.
Ficha Técnica
Autor: Craig Thompson
Edição: 1
Editora: Quadrinhos na Cia
ISBN: 9788535921311
Ano: 2012
Páginas: 672
Tradutor: Érico Assis
Agora eu quero esse livro emprestado! Eu já estava a fim de lê-lo, mas sua resenha é uma puta mediadora de leitura, meninão!
ResponderExcluirCara, o livro está com a Simone e ela pode passar para você logo que terminar a leitura. Valeu pelo comentário, velho!
ResponderExcluirTambém estou na fila do empréstimo.
ResponderExcluir