Com seu único olho são, ele fitava o teto do quarto de hóspedes. Procurava organizar seus pensamentos, mas sua mente era preenchida apenas por sons e imagens. Recortes esparsos da experiência de uma noite passada em claro, vomitando sangue, sendo costurado, examinado, reparado. Como se fosse de fato possível reparar aquilo que estava quebrado para sempre.
Um médico constantemente havia parado diante de sua maca, para perguntá-lo quem era, quantos anos tinha, onde morava, dentre outras perguntas. Nelas, buscando responder corretamente ao médico, ele tentava redescobrir-se, como se fosse possível recuperar a peça para sempre perdida dentro de sua alma.
Agora, passado o pior daquele pesadelo, o rapaz olhava para o teto e revia infinitamente a mesma cena do acidente, procurando descobrir onde ele errara, onde tomara uma decisão equivocada, desviando para sempre o curso de sua vida. Agora era um brinquedo quebrado, um inválido na tarefa de ser alguém de fato. Retornava à casa dos pais, amparado como criança, sua maioridade revogada.
Tentou deixar o leito, firmar pé, até descobrir que sua visão não era mais a mesma. Jamais seria. Seu passo agora seria eternamente trôpego, vacilante. O que era circunstancial tornara-se um fato. Antes titubeava por indecisão, agora era por condição.
Talvez tudo isso fosse mentira. Ou ao menos um equívoco passageiro. Talvez sua alma estivesse apenas trincada. Ou talvez, mesmo em estilhaços, fosse possível restituir à sua alma uma integridade anterior. Quem sabe essa infância forçada fosse a condição necessária para um outro eu, para o surgimento da potência oculta, antes aprisionada nas formas da alma.
Uma coisa era certa: essa alma, já tão comprometida, tão desarranjada, agora jazia irreparável, transformada em estilhaços invisíveis, encerrados em seu peito.
Queria saber o que aconteceu com ele para ter ficado tão desse jeito.
ResponderExcluirO texto abaixo não é a primeira parte dele, né?
M&N
Oi... realmente, esta é a terceira parte. Depois vou atualizar a postagem para quem perdeu as partes anteriores.
ResponderExcluirEste é um relato de um acidente de percurso... rs... de qualquer forma, a categoria "relatos" trata desses desarranjos que fazem parte da vida da gente.
Obrigado pelo comentário! ^_^
Como sempre, Nerito, sua escrita é muito boa!
ResponderExcluirAdorei ler esse "relato"
Espero poder acompanhar mais os seus textos!
Beijos
Tem post novo e promoção lá no blog!
endless-poem.blogspot.com.br
Você me enganou, Nerito. Esse texto ainda não está concluído. Posso te ver ampliando esse texto...
ResponderExcluirOlá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
ResponderExcluirli algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
Deixo-lhe a minha bênção.
E que haja muita felicidade e saúde em sua vida e em toda a sua casa.
PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.
Oi tudo bem?
ResponderExcluirNossa quanto tempo não paço aqui?
rsrs.
Bom como perdi os outros posts vou ter velos e depois voltar aqui para fazer um comentário da história.
Fico feliz que o blog tenha crescido tanto em pouco tempo ^^.
Vou passar aqui mais vezes.
A Nerito,peço mil perdões por não ter aparecido mais(minha vida virou loucura) haha.
Abraços saudades.
Abraço mineiro ^^
Tamires C.
Se lembra?
http://de-tudo-e-um-pouco.blogspot.com.br/
ps:Te enviei o email sobre o clube.