Logo
pela manhã, Balgata acordou os demais energicamente. Seridath
já estava de pé, pronto, do lado de fora da gruta. Não
dormira de tanta euforia. Era primeira vez que ele meditara sobre os
acontecimentos em Keraz. Pelo que acontecera na noite da batalha, ele
era senhor de forças mais sombrias do que imaginava.
Nesse
instante, Aldreth despontou da entrada da gruta. Os olhares de ambos
se cruzaram e o arqueiro desviou rapidamente o seu, baixando a
cabeça. Havia sido mandado por Balgata para buscar água.
Seridath seguiu o outro com o olhar. Havia percebido algo naquele
rosto amedrontado. Não sabia dizer ao certo, mas era um olhar
diferente, quase desafiador. Seridath então lembrou-se de que
somente o arqueiro sabia seu segredo. Seria seguro manter Aldreth
vivo? Essa pergunta tornava-se uma sutil interrogação
na mente do cavaleiro. Afinal, uma morte a mais não faria
tanta diferença.
– Com
todas as bestas de Nibala! Vamos, bando de molengas! – gritava
Balgata com os camponeses – Parecem mais lerdos que os zumbis que
enfrentamos! Andando! Andando!
Seridath
mantinha-se de costas para a entrada da gruta, enquanto sentia aquela
estranha euforia permear seu corpo. Estava mais disposto do que
nunca. Olhava as árvores e pedras ao redor, sentindo quase
como se pudesse tocá-las, pegá-las, mesmo à
distância. Desembainhou Lorguth e olhou para sua lâmina
negra. Alguma coisa também havia acontecido com a espada. A
bainha não comportava mais a lâmina que parecia ter
crescido. A parte serrilhada também estava mais comprida e o
gume, mais afiado. As duas esporas pareciam maiores e mais agudas.
Lorguth mais uma vez provava o seu poder. Ela estava evoluindo e
Seridath não percebera isso antes. Aquela arma magnífica
desenvolvia-se lentamente, acompanhando o crescimento do seu senhor.
O cavaleiro sentiu o orgulho inundar seu peito.
Quando
teriam começado essas mudanças? O rapaz ponderou que,
de alguma forma, a espada havia despertado na noite de batalha,
quando o cavaleiro tomara a decisão de subjugar a lâmina
negra.
– Eu
estou falando com você, seu idiota! – gritou Balgata,
tentando chamar a atenção de Seridath.
O
sombrio rapaz encarou o capitão, que manteve seu tom de
desafio. Estava claro que Balgata já chegava a seu limite.
Lorguth começou a vibrar nas mãos do cavaleiro, como se
implorasse pelo sangue daquele homem insolente. Mas Seridath não
queria pôr tudo a perder. Embainhou novamente sua maligna
companheira, enquanto encarava Balgata.
– O
que quer? – perguntou.
– Não
tá vendo que estamos partindo?! Vá para a vanguarda, já
que você gosta tanto de aparecer!
Seridath
quase se arrependeu em ter embainhado sua espada. Mas seu sangue frio
impediu que ele retrucasse e começasse uma nova disputa com o
capitão. Os nervos afloravam naquele momento crítico.
Uma briga com certeza iria selar o destino de todos, e Seridath ainda
acreditava que poderia usá-los. Sem lançar outro olhar
para Balgata, o rapaz cumpriu suas ordens, enquanto comandava os
demais para abrirem caminho pelo interior do bosque. Lucan continuava
desaparecido, talvez em algum lugar à frente, ninguém
saberia ao certo. O capitão comandava a retaguarda. Seridath
teve um mau pressentimento e observou-o, furtivamente. Viu num
relance Balgata marchar ao lado de Aldreth.
No
final do dia, o grupo já alcançava os limiares do
bosque. A rota prosseguia em campo aberto, oferecendo mais perigo
para os fugitivos. Balgata afirmava que mais uma noite de viagem e
eles chegariam à cidadela fortificada de Arnoll. Bastava
resistirem mais um pouco. Marcharam durante toda a noite. No início
da madrugada, os guerreiros que formavam a vanguarda encontraram o
corpo de Lucan estendido na campina.
Continua...
Eu adoro...mas porque sempre tem que ter um continua? kkk brincadeira.
ResponderExcluirAgora vou ter que ler os de antes para entender porque me perdi )= pois é,muito cabeça dura eu né rsrs.
Abraço.
Tamires C.
http://de-tudo-e-um-pouco.blogspot.com.br/