Caiu um tremendo temporal por aqui. Aproveitei a oportunidade e apaguei todas as luzes de casa. Retirei todos os equipamentos da tomada. Fui à janela, abri uma fresta, pois estava chovendo muito forte. Por alguns instantes, fiquei observando os relâmpagos riscando o céu, as árvores executando sua dança misteriosa e as nuvens pranteando suas fúrias.
Depois de ficar com o rosto molhado, fechei a janela e me deitei. Os relâmpagos continuavam cortando o breu, seguidos pelo som dos trovões, que tentavam acompanhá-los.
Fechei os olhos. Os lampejos insistiam em se insinuar através de minhas pálpebras, mas eu não prestava muita atenção a isso. Procurava escutar a chuva, que parecia sussurrar algo em meu ouvido. Senti, por alguma força que não consigo explicar, que a chuva tentava me dizer que ela e o tempo tinham muito mais coisas em comum do que imaginamos. Cochichava que a gente pensa que o tempo é assim, linear, onde um segundo antecede o outro, em fila indiana. Ela disse que não, que o tempo é como a chuva, existindo através de intermitentes pingos de instantes, sempre impossíveis de se medir.
e assim como a chuva, tem intensidades diferentes.
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