Ela era mulher. Era mãe. Brasileira, na casa dos 30, uma pessoa ainda jovem.
Ela era mulher, era mãe.
Bastou duas imagens e um punhado de palavras para que sua vida fosse selada. Cada imagem transformada em dez mil, vinte mil, cinquenta... Suposto rosto, morte certa.
Ela não era Maria da Penha, mas era mulher, era mãe. Sua imagem foi exposta, tornou-se ícone da violência. Foi vítima. Seu corpo foi exibido em imagens pesadas, terríveis, usadas para saciar a curiosidade mórbida de muitos. Sua tentativa final de ter voz foi gravada, seu rosto ferido, mutilado, cresceu na tela, mas sua voz era tão mínima que quase não podia ser ouvida. E mais uma vez, uma mulher morreu.
Não foi uma menina queimada em um ônibus, ou uma cabeleireira morta pelo companheiro. Não foi a amante de um jogador ou uma atriz em ascensão, ou a garotinha sequestrada. Foi uma mulher que como tantas outras corre o risco de se tornar um mero número de estatística.
Ela era mulher, era mãe.
Até quando vamos deixar que esse sistema perverso continue matando, mutilando e calando nossas mulheres? Até quando continuaremos propagando o machismo, o falocentrismo, a violência contra as minorias? Até quando vamos continuar perpetuando nossa covardia, nosso silêncio, nossa cumplicidade? Até quando vamos deixar que pessoas continuem a ser transformadas em números?
Ela era mulher, era mãe. Sim, ela era uma que, como tantas outras, foi imolada, vítima da estupidez do HOMEM.
Texto originalmente publicado no Facebook.
Palavras que precisam ser ditas, gritadas, repetidas e ouvidas todos os dias. Obrigada por escrevê-las.
ResponderExcluirVerdade, meu Amor. Obrigado por seu comentário.
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