Sei que os números impressionam. É assim em qualquer lugar. Todo mundo quer a casa cheia, principalmente se estamos falando de eventos culturais. E com a Biblioteca isso não é diferente. Quanto mais pessoas aparecem, mais gente será alcançada depois, quando essas pessoas falarem do que viram aqui.
No dia seis de fevereiro deste ano, porém, tive uma experiência que me valeu por um público de cem pessoas. A Biblioteca estava com pouca procura, não tínhamos dado nenhuma oficina na semana. Eu já me conformava de que ninguém apareceria numa sexta à tarde.
Mas então fui avisado que duas pessoas, mãe e filha, tinham vindo para a atividade.
Sempre fico nervoso antes de contar uma história ou fazer uma oficina. E não foi diferente nesse caso. Procurei disfarçar da melhor forma o nervosismo e segui lendo “Que bicho será que fez a coisa”, do Ângelo Machado. A menina, de seis anos, decidiu desenhar uma borboleta e imaginou um cocô quase invisível. Parecia o pó que elas soltam das asas.
Quando a oficina estava quase no fim, a mãe pediu para a filha se apressar, porque elas ainda teriam que comprar o material escolar. A menina então pediu: “A gente pode voltar aqui depois?” E a mãe disse que sim. “Hoje, depois de comprar material?” Aí a mãe falou que não daria tempo. A menina não desistiu: “A gente volta amanhã, então?” E a mãe respondeu: “Amanhã é Carnaval, eles não abrem.” Ao que garanti que estaríamos abertos, sim. Os olhos da menina brilharam de esperança.
A mãe disse que já tinham compromisso para o final de semana, mas garantiu para a menina que voltariam à Biblioteca o quanto antes. E os olhinhos da filha não deixaram de brilhar.
Assim como os meus, que brilham até agora.
Texto originalmente postado no Facebook em 06/02/2016. Versão original aqui.
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