Ao final do filme "Pantera Negra" meu rosto estava coberto de lágrimas. Voltei-me para minha esposa e brinquei: "só eu pra chorar em final de filme de super-herói".
Mas meu pranto, embora forte e patético, não era melodramático, não tinha as lágrimas emotivas de um alívio catártico. Eu chorava por Wakanda, por esse sonho maravilhoso, esse mundo em que a potência dos povos africanos não é tolhida, massacrada ou usada. Chorei por achar que Wakanda seria apenas sonho.
Foi então que, depois de ler um pouco mais sobre o filme e, principalmente, depois do artigo O filme Pantera Negra e a questão da ancestralidade africana, constatei que Wakanda é sim viva e real. Ela se realiza no talento do diretor e roteirista, do elenco de talentosas pessoas, da cultura ancestral retratada na tela. Wakanda é também a diáspora do povo afrodescendente, sua resistência cultural, seus valores religiosos, tudo num substrato que sobrevive e cresce, como uma erva do coração.
Então eu chorei novamente, mas agora era um choro diferente, uma comoção e uma alegria, ao saber que Wakanda não é utopia. É ideal, mas também é real. Wakanda está em guerra. Um dia, espero, ela se erguerá, soberana, para contar uma outra história. Aquela que os colonizadores tentaram - e ainda tentam - apagar.
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