Belo Horizonte, meados de setembro de 2019. Um odor de fumaça entra pelo meu quarto. Sinto os olhos arderem. Lá fora, o ar parece embaçado. Serão meus óculos? É noite.
Uma amiga no centro comenta sobre a fumaça. Um amigo, no Renascença, fala da dificuldade em respirar. Pelo aparelho celular, vejo vários vizinhos especulando sobre a causa de tanta fumaça. Uns falam que é no Bairro São Paulo. Outros, que é no São Gabriel.
Minha esposa me manda uma mensagem perguntando se eu já vi a Lua. Deixo o apartamento e vasculho os céus. A luz dos postes ressaltam a fumaça, como uma neblina seca e quente, a envolver e espessar a noite.
Olho pra cima e percebo a Lua. Sua fase cheia começa a minguar. Ela está quase dourada. É como ela costuma ficar quando está perto do horizonte. Agora, porém, a Lua está alta, assim como a noite. São 23 horas.
No dia seguinte, o noticiário local anuncia queimadas por todas as florestas que cercam a Região Metropolitana de BH. Imagino que a Lua Dourada seja um sinal de que até o astro queima diante de tanto calor e destruição. Ou talvez seja o efeito da fumaça, mesmo.
Foto de Miriam Doti
Originalmente publicado no Facebook dia 19 de setembro de 2019.
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