Uma criança diante da morte. A primavera, símbolo de renovação, torna-se ícone de um momento marcante e doloroso, que marcará para sempre a história dessa criança.
Se fosse necessário reunir em uma única palavra a narrativa Harvey, como me tornei invisível, de Hervé Bouchard e Janice Nadeau, eu diria solidão. Uma enorme e massiva solidão.
Logo de início, temos o potente silêncio por páginas e páginas, desenhando cenários tristonhos. Em seguida, a voz de Harvey. Ele não começa com "Eu me chamo Harvey", mas com "Todo mundo me chama de Harvey". Não temos certeza de que esse é de fato seu nome, ou se ele o sente como sendo seu. A partir dessa perspectiva, Harvey vai contando sua história. Ele narra com calma, dando espaço para pausas e digressões, observações e comentários. Assim, a narrativa assume um tom intimista, de confidência.
Situado em uma primavera diferente de todas as outras, o acontecimento que Harvey narra é entrecortado de outros acontecimentos, sendo alguns fantásticos, como a turbulenta participação de Scott Carré em uma corrida de palitos pela sarjeta.
Como o mais baixo do grupo de crianças, ele também parece ser o mais incompreendido. Essa incompreensão parece se estender pelo mundo a sua volta. Contudo, ele é dotado de uma enorme lucidez, permite que ele seja um observador privilegiado, guiando nossa leitura por um momento de penumbras e incerteza.
A narrativa de Hervé Bouchard e Janice Nadau é tanto verbal quanto visual. O tom é carregado e os traços sujos transmitem uma constante melancolia, mas sem cair no dramalhão. A tristeza que perpassa as páginas desta obra é comedida, conformada. Não significa, porém, que não seja intensa.
Com uma visualidade marcante e um texto poderoso, Harvey, como me tornei invisível é um emocionante relato de transformação, de perda e amadurecimento.
Ficha Técnica:
Capa comum: 168 páginas
Editora: Pulo do Gato; Edição: 1ª (10 de junho de 2013)
Idioma: Português
ISBN-10: 8564974118
ISBN-13: 978-8564974111
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/harvey-347357ed389831.html
Muito bom, o texto. Sempre fico me perguntando como escrever sobre um livro sem entregar tudo pro leitor...
ResponderExcluirVocê é mais do que capaz de fazer isso. Basta começar.
ExcluirObrigada por me apresentar esse livro, amor.
ResponderExcluirE eu tenho que agradecer ao Rodrigo Teixeira. :-)
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