Muito se pode dizer sobre o livro. Existem conceituações práticas e outras mais românticas. Os mais pragmáticos podem apenas afirmar que o livro é um objeto que serve para armazenar informações. Já os românticos vão chamá-lo de "janela para outros mundos", "objeto que nos faz viajar sem sair do lugar", entre outras definições ufanistas.
Nenhuma delas, porém, vai abarcar todas as dimensões do livro. Sim, trata-se de um objeto de múltiplas dimensões. O livro é, antes de tudo, um lugar de muitos lugares. Um espaço de muitos espaços. Não foi à toa que o escritor Jorge Luis passou sua vida inteira perseguindo a ideia do livro e da biblioteca, explorando suas infindáveis facetas, buscando ultrapassar seus limiares.
O livro é um objeto de aprendizado. Ao afirmar isso, não quero dizer que ele deva servir para o aprendizado, ou que ele deva servir para algo. Como um objeto sólido, ele pode servir para muita coisa: pode impedir que um monte de papéis sejam levados pelo vento. Pode segurar uma porta. Pode até servir como projétil a ser arremessado contra uma testa incauta. E pode, inclusive, servir para nada.
Como disse anteriormente, o livro tem múltiplas dimensões. Trata-se de um artefato cultural. Em si ele encerra milênios de história humana. Ele evoluiu, mudou ao longo dos séculos. Não é à toa que os objetos mais importantes das duas maiores religiões do mundo sejam justamente livros.
Portanto, o livro atrai para si um fascínio único. Posso arriscar sem errar muito que ele é um dos poucos artefatos que reúnem em si o espírito da memória humana. É um objeto interativo, feito para ser manuseado, explorado, descoberto. Sendo assim, ele estimula a sensibilidade de seus leitores. Basta dar um livro a uma criança para observar como ela se ocupará por um bom tempo apenas em manuseá-lo de várias maneiras, experimentando qual seria a forma correta de lidar com esse objeto misterioso.
Através dessa interação, o leitor tem como refletir sobre o tempo, a memória, os sentidos. O livro é um objeto navegável, pois nele podemos ir para frente e para trás, podemos pular páginas, retornar em algum trecho que nos tenha chamado atenção.
Esse aspecto interativo do objeto livro foi evocado por mim anteriormente. Porém, sou tão fascinado com tal poder de interação que não me canso de evocá-lo. Perder-me em páginas de um livro, apenas para folheá-lo, ainda é algo muito recorrente para mim.
Alegoria do próprio conceito humano de tempo, cada livro nos permite construir uma relação pessoal e específica com ele. Assim como cada pessoa é única, sua relação com cada livro também o será, seja de forma consciente ou não. Esta relação pode então se expandir, crescer, transformando no livro em uma ideia que ultrapassa suas dimensões físicas.
E assim o livro se torna um outro lugar. Um jardim secreto, um esconderijo para além do tempo, o lugar onde se revela e se esconde o nosso desejo.
Lendo um post assim e olhando meus livros ali na estante. Sempre me refiro a eles como ar. É como se faltasse ar nos pulmões quando não se lê.
ResponderExcluirÉ objeto de desejo? Sim! Mas creio que vá bem além disso.
Na semana passada onde foi comemorada o Dia do Livro(não me recordo se internacional ou mundial) os livros mais uma vez, foram enaltecidos.
Bom que para quem ama eles de todo o coração, todos os dias? São Dias!!!!
Beijo
Angela
Oi, Ângela! Realmente, mais do que desejo. Uma mistura de amor, admiração, gratidão e um monte se outros sentimentos! Beijo.
ExcluirOlá Samuel,
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, livro e´uma coisa maravilhosa, comparo como uma boa música, a qual ouvimos ou lemos em determinada época e quando escutamos ou lemos ou pegamos novamente nos traz uma excelente lembrança.
Abraço.
https://devoradordeletras.blogspot.com/
Olá!
ExcluirRealmente, é muito bom quando a gente consegue resgatar uma lembrança e uma sensação através de uma música ou uma leitura. Abraço!