Imagem: Mikhail Timofeev |
Sempre evito fazer referências bíblicas. Coisa do meu passado, de experiências ruins com o horror que sentia quando eu via uma pessoa falar de amor ao próximo e declarar, logo em seguida, que deus deveria "pesar a mão" contra alguém que não fosse cristão evangélico.
Evito referências bíblicas porque sei como elas podem ser usadas para oprimir, discriminar, massacrar, justificar o injustificável. Porém, algumas vezes sou surpreendido com absurdos tão grandes que acabo recorrendo à própria bíblia para tentar refletir um pouco.
O atual presidente se diz cristão. Declara que o Brasil é um país cristão. Costuma falar de deus a cada pronunciamento que faz. E assim continua a vender sua imagem de representante do povo cristão no Brasil.
Então, paro sou levado a refletir sobre as palavras e ações de Bolsonaro e concluo que as coisas estão no mínimo deslocadas. Para não dizer o pior.
No evangelho de Mateus, no capítulo 6, Jesus começa o famoso Sermão da Montanha. E em dado momento ele declara: "se a luz que há em ti forem trevas, quão grandes serão essas trevas!"
Não sou um estudioso da Bíblia. Fazem anos que não a consulto, mas fiquei inculcado com esse trecho, que me veio depois de ouvir um presidente falar que uma pandemia que já matou milhares de pessoas ser "uma gripezinha" e que o cuidado que as pessoas estão tendo não passa de "histeria".
E me recordo de outras coisas que o sujeito disse ao longo de sua carreira política. Uma de suas primeiras polêmicas foi colocar na mesma frase as palavras "estupro" e "merece". Uma frase claramente ofensiva, sobre a qual nem vale discutir aqui. Só vou argumentar que a frase dele faz tanto sentido quanto dizer: "só não como cocô porque não é doce."
Essa não foi a única frase cruel e criminosa de tantas. Nem vale elencar todas aqui. Destaco apenas aquelas que me causaram profundo nojo. Ele disse, por exemplo, que o crime de extermínio era bem-vindo no Rio de Janeiro. Sua fala está nos anais da assembleia legislativa do Rio. Todo mundo lembra de sua abjeta homenagem a um torturador durante a votação do impeachment.
Uma de suas mais recentes declarações foi reclamar sobre um comprovante. "Querem comprovante de tudo." Afinal, ele se declara acima de qualquer suspeita, não tem que dar satisfação a ninguém. Ao que parece, nem aos seus eleitores.
E assim continua sua trajetória em perverter as coisas. Com Bolsonaro, crime é defendido, não é preciso ter comprovante, estupro está ligado a merecimento, pandemia é gripezinha.
Eu simceramente gostaria que, nessa última, ele não estivesse errado.
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