Fonte: Barbara Bonanno |
Tudo isso ela me disse quando nos abordou - eu e a Pam - quando atravessávamos a Praça da Estação. Disse que era travesti e perguntou se a gente tinha algum preconceito. Somente após a negativa que ela contou sua história.
Antes de tudo, porém, ela disse o seu nome. E justamente o seu nome eu esqueci. Talvez a história não tenha sido esquecida por ser algo tão comum na vida de tantas meninas e mulheres, cis ou trans. E igualmente tão brutal.
Enquanto ela falava, eu vasculhava os bolsos em busca do que tinha em dinheiro. Mas o que eu não podia lhe dar era dignidade. E isso me doeu mais ainda. Ela agradeceu, mais a intenção que a quantia pobre, e foi se afastando.
Logo que viramos as costas, Pam me disse que a conhecia. Contou que há oito meses, aproximadamente, a mesma moça a havia abordado, contando a mesma história. E antes que qualquer sentimento diferente da empatia brotasse em mim, Pam logo sentenciou:
"Se trezentas vezes ela me pedisse, trezentas eu ajudaria."
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