O resultado de sua pesquisa foi a dissertação Netos de Lobato: modos de ler o Sítio do Picapau Amarelo no século XXI. A obra discorre inicialmente sobre as dificuldades impostas à pesquisadora. Em seguida, há um mapeamento teórico que foi consultado para dar lastro à pesquisa. Por fim, apresenta a metodologia usada. A autora se vale da análise documental de entrevistas feitas com 9 crianças entre 7 e 11 anos.
A partir da pesquisa feita pela Pâmela, é possível observar a preponderância do papel do núcleo familiar para apresentar Monteiro Lobato às crianças. Há também a escola, embora esta geralmente busque indicar obras mais atuais. Sendo assim, a leitura de Lobato acaba por ser uma "herança familiar".
A pesquisadora observou também que nenhuma criança tocou no assunto do racismo em Lobato. Esse apontamento nos leva a refletir sobre o papel da mediação da leitura, principalmente no seio familiar, para desenvolvimento de um olhar mais aguçado, crítico e, sobretudo, empático.
A pesquisa mostrou a importância de um aprofundamento no olhar acadêmico sobre o leitor, em especial aquele ainda na infância. É fundamental que nós, mediadoras e mediadores de leitura, estejamos mais atentos às apropriações que leitoras e leitores fazem dos textos lidos. Precisamos dar mais voz a quem lê, entendendo que a mediação deve ser horizontal, empática e reflexiva.
Outro ponto a ser discutido é justamente essa ausência da percepção, por parte das crianças, dos trechos expressamente racistas na coleção O Sítio do Picapau Amarelo. Trechos tão agressivos que chegam a saltar aos olhos. Penso que talvez a falta da percepção do racismo seria um traço de branquitude, uma vez que, em conversa com a Pâmela, ela relatou que a maioria das crianças entrevistadas eram brancas.
Ao conversar com a Pâmela sobre sua pesquisa, ela me relatou o crescente incômodo em relação a essa aparente ingenuidade que muitos leitores de Lobato ostentam, não percebendo como o texto do autor em diversos momentos é violento e agressivo contra personagens como a Tia Nastácia. Um incômodo que também é meu. Somos leitores de Lobato, sim, mas a cada dia cresce nossa repulsa e indignação contra o abjeto racismo do escritor e todos os seus efeitos.
Link para a pesquisa: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUBD-AE3K4Z
Gosto de estar fazendo esse trajeto junto com vcs.
ResponderExcluirVocê é aquela que vai nos indicando o Norte! Nossa Mulher do Norte! rs
Excluirachei o máximo a postura,em dar mais voz a quem lê.
ResponderExcluirSim, é muito importante que leitoras e leitores tenham mais voz. Abraço!
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