Anos depois, ele veio me contar da reedição do livro. Imediatamente, implorei para que reservasse o meu. Fui tomado pelo mesmo senso de urgência que me acometeu quando de minha primeira leitura.
Da urgência, fui ao deleite ao ter em mãos o meu exemplar autografado. A capa traduzia o que eu sentira ao ler os contos do livro: a solidão, o desespero, o tédio, a ironia e - por que não - o humor.
Há um tom de galhofa permeando a maioria dos contos. É como se o narrador tirasse uma com a cara de quem está lendo. E ainda esperasse um "obrigado" como resposta. Os contos são agudos como uma faca muito bem amolada e que, ao cortar, dá prazer logo antes da dor e de todo o sangue.
As histórias desveladas em A ponto de explodir são corriqueiras. Narrativas que muito bem podem ter acontecido logo ali - na rua de baixo do bairro. Ou no centro, na parte suja e esquecida da cidade - qualquer grande cidade.
Em A ponto de explodir somos levados a passear pelos olhos e peles de pessoas comuns. E que, de tão comuns, deixam à flor da pele o que há de grotesco e feio nelas, junto com o que há de belo e inocente. Assim é formada a armadilha. Nessas imagens a princípio tão triviais emerge uma escrita que nos atinge na boca do estômago.
Não posso deixar de tachar o livro como uma "bad trip". E daquele tipo que fissura e vicia. Uma deliciosa agonia, um texto forte como um conhaque. E cujo sabor melhora ainda mais com o tempo.
(Descrição da capa: Em fundo amarelado e tons em laranja na parte superior, homem está agachado de perfil esquerdo no alto de um prédio e segura uma maleta. Ao longe estão outros prédios)
Ficha técnica
A ponto de explodir
Sérgio Fantini
ISBN-13: 9788566505290
ISBN-10: 8566505298
Ano: 2013
Páginas: 138
Idioma: português
Editora: Jovens Escribas
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-ponto-de-explodir-86811ed839330.html
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