Jill está desolada. Ela frequenta uma escola experimental onde as coisas não são fáceis. Seus colegas de escola, muitos deles, são terríveis e a perseguem. Foi por isso que Eustáquio a encontrou chorando em um canto do colégio.
Aquele é o mesmo Eustáquio Mísero, primo de Lúcia e Edmundo, Susana e Pedro. A jornada a Nárnia o transformou e agora ele é um bom sujeito. Ao encontrar a colega chorando, ele propõe que ambos peçam a Aslam que os levem a Nárnia.
O pedido funciona até bem demais e as crianças vão parar em Nárnia, mas em uma época atribulada. O Rei Cáspian X já está muito velho e seu único herdeiro desapareceu há anos. Caberá às duas crianças, com a ajuda do paulama Brejeiro, buscar os sinais de Aslam e encontrar o príncipe desaparecido.
A Cadeira de Prata talvez seja o livro mais maduro e envolvente da saga As Crônicas de Nárnia. Bem, talvez esta seja minha opinião pelo fato de ter sido o primeiro livro de Nárnia que li. O enredo é enxuto e traz uma dinâmica envolvente. O foco na narrativa está em Jill. Diferente dos quatro irmãos Pevensie, a menina é mais como Eustáquio antes de seu primeiro contato com Nárnia. Bem, não quero dizer que ela tenha as características detestáveis do menino. Porém, Jill é mais humana, falha, real. Essa característica nos aproxima da personagem. Nos identificamos com ela. Seu primeiro contato com Aslam é especialmente tocante.
Outra personagem interessante é Brejeiro, o paulama. Com um pessimismo que se mistura a um terrível senso prático, ele nos encanta por sua curiosa personalidade.
Mais uma vez o elemento alegórico cristão aparece. A imagem da fonte de água em que Jill mata sua sede representa a conversão seguida de um comissionamento, a ordem para uma missão. Apesar disso, o livro não perde seu sabor. Lewis é um exímio contador de histórias e a tradução de Paulo Mendes Campos torna o texto ainda mais saboroso.
Há muitos outros detalhes e mistérios, como os nomes de Aslam citados pelos centauros. Ou o próprio País de Aslam, a terra acima de todas as terras, um lugar situado a uma altitude inconcebível. Ainda assim, não se trata de uma região coberta de neve ou com o ar rarefeito, como seria o caso.
Nárnia continua um local envolvente e cheio de um charme selvagem, agreste. Seus habitantes, a maioria inumanos, nos conquistam com sua simplicidade e comicidade.
A Cadeira de Prata é um livro que nos envolve do início ao fim. O elemento do perigo real reaparece nesse livro, diferente do que percebi em Príncipe Caspian. Não são crianças brincando de guerra. São pessoas enviadas a uma região inóspita, hostil, com o perigo de gigantes ferozes e o inverno inclemente. Neste livro, os elementos atuam como cruéis inimigos. E nesse ponto, a despeito de seu pessimismo, Brejeiro surge como um aliado inestimável. E não é apenas nessa vez que ele salva o dia. A abnegação do paulama, as decisões que ele toma pelo grupo fazem com que a gente aprecie ainda mais sua presença.
Com elementos romanescos de uma jornada de resgate repleta de perigos, a envolvente narrativa de A Cadeira de Prata nos seduz completamente. Uma aventura empolgante para qualquer idade. Um livro inesquecível, uma jornada a ser lembrada, como os próprios Sinais de Aslam.
Ficha Técnica
A Cadeira de Prata
As Crônicas de Nárnia # 6
C. S. Lewis
ISBN: 8522616198
Ano: 1997
Páginas: 208
Idioma: português
Tradução: Paulo Mendes Campos
Editora: Martins Fontes
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-cadeira-de-prata-1104ed1474.html
Acredito que seja um livro fascinante de ler
ResponderExcluir.
Poema: Vive-se uma vida de ninguém … Feliz Ano Novo..
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