Mandrake é um advogado incomum. Ao invés de se ocupar em defender a as causas que assume, ele passa o tempo envolvido em conspirações, metendo o nariz onde não é chamado e se envolvendo com diversas mulheres.
O caso mais pitoresco que o advogado assumiu é a busca de uma fita de vídeo cassete, que parece matar todos aqueles que se envolvem com ela. Tudo começa com a narração da morte de uma prostituta. Seu assassino, após matá-la apertando-lhe o pescoço, escreve em seu rosto com uma faca a letra "P". Em seguida, um misterioso homem chamado Roberto Mitry comparece ao escritório de Mandrake e de seu parceiro, Wexler, solicitando que eles intermediassem a recuperação da fatídica fita cassete.
Curioso com a pessoa de seu cliente e com as circunstâncias envolvendo as mortes das supostas detentoras da fita, Mandrake se lança numa espiral de violência, loucura e vingança. Além de muito sexo.
A grande arte, livro de Rubem Fonseca, nos leva a uma narrativa estilo romance policial, em que os culpados são muitos, talvez até mesmo você, leitora ou leitor. A violência é crua, a linguagem direta e o estilo repleto de referências refinadas, embora bruto na linguagem.
Mandrake é um verdadeiro canastrão. Seja com seus charutos, seus vinhos ou suas paqueras, ele parece passar por todos os perigos incólume, ou quase. A morte parece amá-lo tanto quanto as mulheres, bem como o perigo.
Outra personagem importante é Camilo Fuentes, o boliviano indígena, grande e forte, dotado de um ódio frio contra o mundo, sobretudo contra brasileiros. Fuentes entra na narrativa como antagonista de Mandrake e alvo de sua vingança, até alçar-se ao grau de (anti)herói e improvável aliado.
Além de Camilo Fuentes, há um tritagonista nessa narrativa. Este é Thales de Lima Prado, um financista que também é chefe do crime organizado. É através dos supostos cadernos de Lima Prado que Mandrake completará a intrincada e enigmática narrativa, onde todos são suspeitos e ninguém é inocente.
Não posso me esquecer de mencionar também de José Zakkai, o Nariz de Ferro, que entra em guerra contra Lima Prado e vem a ser um improvável mas valioso aliado de Mandrake.
Há um problema de datação no texto, levando-se sem consideração que o mesmo foi publicado no início da década de 1980. Ainda assim, é muito incômodo ler Mandrake chamar pessoas pretas de crioulos ou menosprezar e caricaturizar a homossexualidade.
Apesar dessas questões delicadas, A grande arte foi uma jornada interessante. Uma leitura ágil e revigorante, uma narrativa repleta de ação, erotismo e suspense, onde no final suspeitamos de todos, até de nós mesmos.
Ficha Técnica
A Grande Arte
Rubem Fonseca
Ano: 1983
Páginas: 296
Idioma: português
Editora: Francisco Alves
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-grande-arte-2401ed105755.html
Olá, meu querido amigo!
ResponderExcluirApesar dos pesares, eu acho o livro interessante.
Mandrake é cabeça de cartaz, mas tem mais dois que o ajudam nas suas ações.
Nos anos 80, essas atitudes se faziam com muita frequência.
Gostei da sua exposição escrita.
Beijos e dias felizes.
Achei muito interessante, irei procurar esse livro.
ResponderExcluirGosto bastante da escrita de Rubem Fonseca, mas não conhecia a obra.
Olá grande Samuel!
ResponderExcluirGostei imenso da forma como descreveu o livro. Apesar de não ser de todo o meu tipo, com essa descrição até eu fiquei com curiosidade de saber mais e quiçá o ler!
Um forte abraço, bom resto de semana! 👏
Oi Samuel, ainda não conhecia esse livro. Achei a trama interessante e despertou minha vontade de ler. Gostei da sua resenha sincera, pois já me deixa ciente do que esperar.
ResponderExcluirAté breve;
Helaina (Escritora || Blogueira)
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